Basílica de Gwyn

Não foi difícil achar a basílica, todos da cidade sabiam onde ela ficava pedir direções naquela cidade não era um problema. A basílica era enorme, a multidão que circulava por ali era estonteante, tirei minha camisa, estava suja de sangue. Retirei a moeda do bolso, olhei para ela o formato do sol me era familiar, cerrei o punho sobre a peça de ouro e coloquei a mão no bolso, então fui em direção a biblioteca mencionada por Heim.

A placa apontava para a torre azul. Lá era onde ficava situada a biblioteca. Na porta, havia um homem, trajando roupas vermelho e douradas, com uma espada na bainha, era o guarda designado para não deixar as pessoas erradas entrarem na biblioteca, visto que era uma parte restrita da Basílica. Mesmo que o movimento por ali fosse bem menor, visto que as pessoas que passavam por ali não estavam tão interessadas por cultura, era necessário para evitar atentados ou furtos.

Segui as placas até chegar em uma torre azul, havia uma porta e na frente dela um homem. Presumi que aquele era um guarda, esse local deve ser realmente exclusivo, me dirigi ate ele.
Com licença, me disseram que eu teria acesso a biblioteca em posse dessa moeda, isso esta correto? -Então tirei a moeda do bolso e mostrei ao guarda.

O guarda olhou para a cara do rapaz com certa desconfiança, era uma pergunta estranha, visto que era o rapaz que devia saber a resposta. Mas regras eram regras. O guarda assentiu com a cabeça e abriu a porta.

A torre possuía 8 andares. Cada uma para uma categoria diferente. Logo no primeiro andar, depois da porta existia uma pequena mesa, e atrás dessa mesa uma mulher loira e magra, trajando um vestido floral, aparentava ser funcionária do local.

Entrei na torre e vi uma moça loira atras de uma mesa, assumi que ela trabalhasse ali. Assim que ela me viu fez uma expressão de surpresa, provavelmente se dava ao fato de estar ali sem camisa com as roupas surradas e ensanguentadas, provavelmente achou que eu era um mendigo.
Com licença, sou novo na cidade, me falaram que eu poderia aprender sobre a cultura local aqui, poderia me indicar alguma coisa? -Disse depois de me aproximar da moça.

- Tudo que está nessa biblioteca pertença a cultura local rapaz. Terá de ser mais especifico. - Disse a moça sem levantar a cabeça.

Bom, fiz parte da caravana que trouxe a marca de gwyn para a cidade, gostaria de saber mais sobre ela e o culto a gwyn. -respondi a moça.

- A marca de Gwyn é uma simbolo sagrado, os antepassados dessa cidade acreditavam que ela armazenava parte do poder do Sol, mas isso nunca foi revelado, pelo menos não publicamente, mas teorias de conspiração não são aceitas por aqui. Gwyn foi o homem que primeiro tem registro de possuir a pedra, aqueles que resolveram seguir ele, acreditavam que o mesmo era a forma humana do Sol. Foi o fundador da religião Solari, que ajudou a erguer nossa cidade, e também foi aquele que iniciou a guerra contra os Lunari, que levou a extinção dos mesmos. - A moça dessa vez pelo menos levantara o rosto ao explicar tudo isso a ele. - Se deseja mais informações sobre o assunto, eu posso lhe indicar o andar, caso tenha outra pergunta, pode fazer.

Escutei a explicação da moça e algo chamou minha atenção, o som daquela palavra era bastante familiar... Solari, era como se eu tivesse a escutado antes. Culto ao sol? Talvez você possa me ajudar. Olhe não fui totalmente sincero com você, a cultura local não é o unico motivo de eu estar aqui, eu estou procurando respostas sobre meu passado e este local me pareceu promissor. Não muito tempo atrás eu me acordei nos arredores de Fiore sem quaisquer lembranças e desde então venho tentando descobrir mais sobre meu passado. A unica coisa que tenho certeza.... ele é lindo não é mesmo?  -Disse então me virei para a janela onde podia ver o sol quase se pondo no horizonte ficando de costas para a mulher.

- Você tem cara de ser um dos radicais, não sei como conseguiu entrar aqui... Mas enfim. Vá ao terceiro andar da torre, lá peça para a ajudante do andar lhe entregar um livro chamado Solaris Eternum, ele fala de toda a cultura Solari, desde sua fundação até os dias atuais, incluindo histórias, mitos e registros históricos confirmados. - Disse a garota analisando o rapaz. As cicatrizes em seu corpo era recente, e ele não fazia nem o minimo esforço para esconde-las com uma camisa, mas não era de seu interesse.

Obrigado. -segui a indicação da garota e segui para o terceiro andar.

O terceiro andar era praticamente igual ao primeiro, com a exceção de que a atendente era na verdade o atendente, e sua bancada ficava em frente a escada em espiral, não a uma porta.

Com licença, estou procurando por um livro chamado Solaris Eternum. -Disse ao atendente.

- Espere um momento. - Disse o homem após analisar o rapaz sem camisa por alguns segundos. Se levantou e foi buscar o livro, que era mais procurado que a maioria dos outros livros daquele acervo. Depois de alguns minutos procurando, encontrou uma versão do livro e o trouxe de volta ao rapaz. Sentou-se novamente atrás da bancada e o entregou. - Você não poderá leva-lo para fora do andar ou da torre, nem tente.

Dei um sorriso ignorando o comentário-ameaça do rapaz peguei o livro e me sentei encostado em uma pilastra então comecei a ler.

Dei uma folheada rápida, o livro não era muito grande, aparentava ter 5 capítulos. Comecei pelo primeiro, parecia a coisa certa a se fazer.

Gwyn foi um homem que apareceu do nada, ninguém sabia seu paradeiro, por mais que ele dissesse que viesse do próprio Sol para espalhar a palavra do mesmo. Assim como ele veio, sumiu de tão súbita forma, sem que ninguém visse. A relatos de que o ultimo lugar onde ele havia estado antes de sumir, na época havia ficado com fuligem no chão. Trouxe consigo uma pedra interessante, que para alguns parecia a representação do poder do Sol em forma física, e esta pedra realmente conseguia fazer milagres, quando utilizada por Gwyn. Ele dizia que qualquer um poderia usar a pedra, desde que fosse apto perante o julgamento do Sol. Gwyn começou também o Culto ao Sol, nesse aspecto muitas pessoas dividem suas opiniões, alguns dizem que os membros do mesmo eram fanáticos religiosos, por conta da Inquisição Solar, outros dizem que eles eram os próprios servos do Sol, por conta de suas construções majestosas em nome de seu Deus. Ninguém sabe ao certo se o Culto ainda existe, mas oficialmente ele foi descontinuado quando Gwyn sumiu, visto que ninguém se dizia capaz de lidera-los.

Interessante, de acordo com esse primeiro capitulo aquela pedra que eu trouxe de volta é bem importante para essa região. Isso explica aquele lunático e sua arma transmorfa. Nem imagino o que aconteceu com ele. Então continuei o livro seguindo para o capítulo 2.

O Culto do Sol, apesar de alguns episódios lamentáveis, foi muito importante para diversas áreas do conhecimento, como engenharia, medicina e literatura. Tudo isso foi possível graças aos ensinamentos de Gwyn, que possuía um conhecimento muito acima de sua época. Toda a cidade de Suntown foi construída usando uma arquitetura e técnicas de engenharia distinta das outras regiões próximas, graças a isso, toda a cidade a cidade é iluminada pelo Sol durante o dia, e durante a noite, os cristais de energia que Gwyn inventou liberam toda a energia solar captada durante o dia, tornando a cidade bastante luminosa, segundo um mito antigo, caso a cidade algum dia ficasse escura, ela iria sucumbir neste mesmo dia. Na área da medicina foram inventados diversos novos procedimentos para a mesma, facilitando muito a vida dos médicos. A literatura sempre foi algo presente no Culto do Sol, visto que apenas aqueles com grandes conhecimentos sobre os mitos e histórias do Sol puderam entrar la, e o Culto também gerou diversas outras histórias.

Conhecimento e culturas dignas dos deuses, não é nada incomum a religião do sol ser tão imponente e poderosa quanto ele. Assim como ele dá vida, também pode tirar o que se reflete nos episódios lamentáveis que foram citados neste capitulo. Segui para o próximo capitulo no mesmo instante que terminei o anterior.

As figuras mais importantes da religião Solari são o próprio Sol, Gwyn, o primeiro patriarca da religião, Osomund e a Lua, sendo esta considerada o mal da humanidade, aquela que trás a escuridão e as criaturas que nela espreitam ao final do dia. Alguns relatos dizem que Osomund foi um homem de extrema eloquência, sendo ele o responsável a influenciar Gwyn a dar inicio a Inquisição Solar.

Osomund e a Lua... tinha uma vaga memória que talvez fosse algo relacionado a isso, lembrava de Hilbert ter comentado algo sobre uma ilha dos Lunari ou algo do tipo. Bem, continuei a leitura indo direto para o próximo capítulo.

A Inquisição Solar foi uma grande caçada aos Lunari, o povo que venera a Lua. Começou 5 anos antes de Gwyn desaparecer, alguns dizem que por influência de Osomund, que tinha crenças menos pacifistas que Gwyn, e terminou 1 ano exato após sua morte, sendo isso graças as ordens de Osomund, que disse que em 1 ano exatamente, iria exterminar todos os Lunari para acabar o que Gwyn havia começado. Durante esses 6 anos, todos os Lunari foram massacrados cruelmente, sendo que apenas alguns deles reagiram, pois não eram um povo guerreiro, possuindo apenas dois campeões da batalha por vila, esses eram encarregados de defender a vila até sua morte, então novos campeões da batalha seriam escolhidos. Não se engane por números, ao todo foram 10 vilas erradicadas, com isso concluímos que existiram 20 campeões da Lua, levando em conta que só esses 20 lutaram e que metade das tropas Solari, cerca de 100 mil homens, foram mortos durante a inquisição, é algo impressionante o que esses guerreiros fizeram. Hoje em dia não há nenhum resquício de Lunaris, sendo a unica coisa relacionada a sua cultura que ainda permanece de pé, um antigo templo no meio da floresta, onde os exploradores vão em busca de mais informações sobre aquela cultura.