Mundo de Ryun

- 1º TREINAMENTO: SOBREVIVÊNCIA A MIL -

Ryun deu uma gargalhada e viu o menino entrar em uma posição de treino, como se fosse lutar, isso só fez ele rir mais ainda. Depois de 2 minutos completos rindo, ele começou a parar e encarou o garoto, então disse ainda com um sorriso no rosto:

- Pensa que vai lutar contra mim na primeira vez de treino? Não é assim que eu trabalho. - Então Ryun de repente se teleportou para longe e começou a desenvolver toda a sua mente. Surgiram montanhas, cachoeiras e florestas por todo o lugar, além de um sol de verão intenso. Como a mente era sua, aumentou sua voz a ponto dela poder ser ouvida por todo o lugar. Estava em cima da montanha mais alta que criara. - Você terá de vir até mim, estou no pico da montanha mais alta, venha até mim e poderá lutar contra meu primeiro gladiador. Meus treinos sempre terão um gladiador ao seu final, para você superar. Derrote todos eles e seu treinamento estará concluído, além disso cada gladiador irá usar uma técnica minha, e a partir do momento que você derrota ele, essa técnica é automaticamente implantada em seu cérebro e você estará apto a usa-la, mesmo sem nunca ter feito antes. Outra coisa, você não poderá usar magia aqui. - Disse soltando um risinho. - Estamos entendidos? - Então a voz foi sumindo aos poucos, sem nem mesmo esperar a resposta do garoto. O treinamento começara e Ryun queria ver as habilidades de sobrevivência do garoto na primeira parte.

Exemplo do local, multiplique essa montanha por 7, cada uma maior que a outra e terá um exemplo do local. Você poderá passar pelo lado da montanha, menos na última, onde uma escalada lhe espera.

- Compreendo, só algumas perguntas, como funciona esse seu campo de treinamento? Estou aqui mente e corpo ou apenas mente? Se eu morrer aqui também morro no "exterior"?
Comecei a andar, não importava onde estivesse iria escutar a voz de Ryun, então era melhor começar. Olhei para cima e soltei um suspiro, essa cadeia de montanhas iria levar um bom tempo, comecei a andar pelo lado das montanhas, eram realmente íngremes, mas nenhum desafio, estava com medo da última, de longe já se notava que não dava pra passar pelo lado e a escalada parecia complicada, conforme a altura subia, mais frio ficava. Já começara a tremer um pouco, pensei em parar, mas desisti, como diabos iria lutar contra um gladiador, ia chegar lá exausto, pensei. Continuei a subir, cada vez mais perto da montanha gigante até perceber que não tinha passado nem da primeira ainda
Olhei para cima e lá estava um vulto, tinha o semblante de Ryun, quem mais poderia ser, afinal.
Infelizmente eu não podia usar magia, não que um pulo de 5m fosse ajudar muito, mas é melhor que nada.

Sazerac pegara a trilha para passar pela primeira montanha, um pouco de escalada, caminhada e então visualizou uma forma a qual pensava ser Ryun. Se aproximou um pouco mais e percebeu que era um homem com uma machadinha, parecia em um estado miserável e esfomeado, não vestia nenhum tipo de armadura ou roupa apropriada, apenas um pedaço de pano que cobria seu sexo. Assim que o homem viu Sazerac avançou para cima dele feito um maluco, gritando pragas em outras línguas e golpeando o ar a cada momento, até que chegou muito perto do mago e tentou golpear-lhe a cabeça com a arma.

Quando viu aquela figura deplorável com uma machadinha em mãos já sabia no que ia dar, o senhor das montanhas veio com muita agressividade e sem foco, além de sua cabeça. Ficou parado esperando o ser chegar mais perto, quando o mesmo o fez, tentou golpear minha cabeça. Ele parece esfomiado, eu era mais rápido, o ser capengava. Pobre coitado. Carregando a manopla, desferi um murro contra o lado de sua barriga, visando jogá-lo na parede da montanha.

O murro pegou o homem, que gritou de dor e foi empurrado para o lado, mas não caiu, olhou com ódio para o rosto do homem e avançou novamente, dessa vez desferindo um golpe vindo de cima para baixo, visando abrir o crânio de sua refeição. A noite já descia sobre o lugar, e cada vez mais sua fome aumentava, aquele homem seria uma ótima fonte de nutrientes se ele conseguisse matá-lo.

O homem foi jogado para o lado, não caiu e vinha agora com mais raiva. Atrás de mim um penhasco de 15m se mostrava bastante hospitaleiro, quando ele investiu pela segunda vez, estava de costa para o penhasco, joguei meu corpo para o lado e coloquei o pé para que ele tropeçasse e conhecesse meu amigo penhasco, percebo agora que o gasto de mana anteriormente foi desnecessário, tanto fazia, o penhasco é meu protetor e nada me faltará.

O homem avançara de novo mas dessa vez o outro apenas desviara o corpo e colocara o pé, fazendo com que o esfomeado caísse no penhasco da montanha, uma queda de 15 metros. O homem deu graças no final de sua vida, finalmente seu sofrimento iria acabar, e acabou. O homem caiu e bateu sua cabeça em uma pedra, abrindo seu crânio.

Olhou o homem cair, até atingir o chão, fiz uma oração para o penhasco e segui em frente, lamentei o fato de ter perdido da chance de pegar a machadinha dele, mas a vida segue em frente. O calor da batalha espantou todo o frio e tava até um pouco quente, nada de mais. Esperava que o fim da primeira montanha estivesse próximo, só seguia a trilha lateral da montanha esperando por algo acontecer. Pela imagem fotográfica que tinha da montanha, lembrava dela tendo uma cachoeira, estava com sede, nada tão alarmante quanto o senhor "me jogo no penhasco", mas ainda sim tinha sede.

Sazerac continuou andando pela trilha, até que chegou em uma parte em que ela ia para baixo, aquilo significava o fim da primeira montanha provavelmente. Se alegrou um pouco por duas coisas, a primeira pelo fato do fim da primeira parte, que não havia sido muito desafiadora e a segunda pelo fato de ouvir o barulho de água corrente, devia ser uma cachoeira. Sazerac então continuou seu caminho e chegou em seu paraíso já tarde da noite, existiam duas luas no céu nesse momento, era um lugar muito bonito, apresentava árvores frutíferas, um pequeno lago no meio e uma cachoeira que desaguava nele. No lago havia alguns peixes pequenos. Esboçou um sorriso.

Finalmente achara água, comida e um bom lugar para dormir. No entanto, naquele mundo mágico não se podia brincar, catei alguns galhos secos e espalhei em volta do local em que eu dormiria num raio de 5m, assim saberia caso algum inimigo aparecesse, bebi água e comi algumas frutas. Fiz uma cama com algumas folhas e preparei uma fogueira com algumas pedras, folhas secas e gravetos depois fui para minha cama de folhas, demorei um pouco para adormecer, aquelas luas ao céu chamaram minha atenção por um bom tempo, chequei os galhos e dessa vez, cai no sono.

Perguntei-me onde estava aquelas belas paisagens da noite anterior e mais ainda, o que me esperava no lamaceiro. Olhei pra cima e tive uma idéia, decidi escalar a árvore mais próxima e se deslocar por cima das árvores, por ser uma mata fechada as árvores eram bem coladas uma das outras e por ter bastantes folhas indicavam galhos fortes o suficientes, escalei a primeira árvore e comecei a andar, andar por árvores era mais dificil do que eu esperava, além do que eu tinha uma visão muito deturpada do que tinha embaixo, mas o que tinha embaixo também tinha uma visão deturpada de mim, então dava no mesmo.

Continuou seguindo nesse mesmo ritmo por algumas horas, dando algumas paradas para não se cansar totalmente, já se iniciava a tarde e a fome a sede começaram a causar efeitos no homem. Estava tudo bem até que sem querer Sazerac pisou em falso em um galho, por conta da tontura que sentia causada pela fome e acabou caindo na lama, calculava que estava na metade do percurso quando aquilo ocorrera. Tentou subir novamente as árvores, mas suas mãos não conseguiam se aderir as mesmas, pois estavam escorregadias com a lama e o cansaço só piorava sua situação.

Como se não bastasse a floresta ser infinita, agora teria que se esforçar ainda mais pra ir pela lama. Infelizmente Ryun não respondeu sua pergunta o que foi uma sacanagem sem igual. Imaginava já deduzir como seria o treino em diante, passar por alguma adversidade durante o dia, lutar contra alguém no fim da tarde e, quem sabe, chegar num local paradisíaco à noite para descansar. Seguindo essa lógica seu inimigo não deveria estar muito longe. Enquanto andava, além de prestar atenção no ambiente tentava imaginar quais seriam os próximos ambientes das montanhas, chegou a conclusão de que teria alguma hora atravessar um deserto o que seria bem irritante, agora não tinha penhasco para o ajudar caso algo acontecesse, deprimente.

Sazerac continuou seguindo seu caminho até que ouviu gritos vindo de longe. Saiu andando cautelosamente em direção ao local dos gritos e avistou uma arena, com várias sombras nas arquibancadas e um lutador esperando seu oponente. Então recebeu uma pancada na parte de trás da cabeça e desmaiou. Quando acordou, não sabia quanto tempo havia passado, mas agora estava dentro da arena. Viu uma espada curta em sua frente e a pegou, então se levantou cambaleando, ainda sem saber ao certo o que havia ocorrido. Percebeu que a arena era octogonal e toda feita de pedra, com algumas runas escritas nas bordas, provavelmente para não deixar os lutadores saírem. Então piscou algumas vezes e olhou para a figura em sua frente, seu adversário. Era um homem forte usando um capacete de ferro e uma espada curta como a sua, seu corpo era negro como as sombras da arquibancadas, a figura estava imóvel apenar esperando um movimento de Sazerac. Percebeu que teria que vencer aquilo para avançar no treino.

'Fudeu vou ser enrabado' - pensei ao enxergar o negão a minha frente. Mas me recompus e encarei meu oponente. Analisou sua espada e olhou de novo pro negão. 'Fudeu muito'. Tenho que vencer isso pela inteligência, não adianta ir brutalmente contra ele. Peguei a espada, apoiei ela atras de mim no chão e segurei ela com as duas mãos deixando meu tronco totalmente exposto e para finalizar:
- Vai ficar aí parado? Já vi mulheres mais corajosas.

A sombra apenas ficou encarando seu oponente. Nada mais se passava por sua cabeça, não fora feito para pensar, apenas para servir de boneco a seu mestre. E sua função não era ir para cima, mas sim se defender.

O ser mais escuro que a noite ficou imóvel, teria que guardar sua super estratégia para outra hora e começar atacando, o que não era seu forte. Aproximou-se do preto que continuava imóvel, foi para suas costas e atacou-o de forma segura, já esperando que ele se defendesse, na altura do pescoço. Se o cara ia ficar parado que morresse de uma vez logo, infelizmente já esperava que não fosse acabar assim tão rápido.

Finalmente seu oponente se movera, e o gladiador ficou acompanhando ele sempre de frente. Desse modo Sazerac não conseguiu realizar seu golpe o que deixou ele frustado.

'Caralho que filho da puta' - quase falei em voz alta quando vi que não conseguiria chegas as costas dele. Ele continuou na posição original, pensei então em algo, ele não se moveria se eu arremessasse a espada contra ele. Olhei para a espada, olhei para o negão e joguei ela contra seu coração.

A sombra simplesmente coloca a espada na frente da de seu inimigo, fazendo a mesma se desviar para o lado. Então volta para sua posição normal e espera novamente.

Apanhei minha espada enquanto a sombra continuava imóvel, sentei e comecei a pensar, precisava desferir um golpe infalível, indefensável. Pensou em algo, aproximou-se do mesmo e simplesmente tentou retirar a espada da sombra, dependendo do movimento dela estava pronto pra contra-atacar com sua espada em mãos.

Quando viu que seu oponente iria tentar retirar sua arma, fez um movimento com a espada para impedir que a mão do homem se aproximasse de sua espada.

Conforme esperado, a sombra fez seu movimento com a espada de afastar a minha mão, como já estava preparado para isso e sua espada estava ocupada no momento, ataquei-o mirando o tronco.

A sombra então percebe o plano de seu amigo, e uma espadada é dada em direção ao seu tronco. A sombra num breve reflexo da um pulo para trás, fazendo com que apenas a ponta da espada de seu inimigo encoste em seu tronco. Um líquido negro e viscoso escorre do ferimento, aquilo poderia ser interpretado como o sangue da sombra. Ao tocar no chão de pedra, o liquido simplesmente evapora. A sombra agora fica em uma posição de luta mais confortável para o caso do rapaz tentar usar a mesma estrategia. Ela gira o tronco 90º ficando de lado para o homem, posiciona o braço esquerdo, que não empunha a espada na frente, com a mão aberta, enquanto o direito fica mais atrás, com a espada pronta para defender. Sua perna direita, que está atrás, está dobrada, enquanto a esquerda está totalmente alongada.